segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Re-pensando o que temos feito com nosso tempo...



Tempos de reflexão

Esse vídeo falou muito comigo. Precisamos repensar o que temos feito em nosso tempo livre.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A vida Cristã


A Vida Cristã:
 
Eu não sei quando e como começamos a ter uma visão hollywoodiana da aventura que é a vida com Jesus. Para quem não sabe, Hollywood influenciou e tem influenciado o estilo de vida e a cosmovisão de milhões e bilhões de pessoas ao redor do mundo. Em geral, os filmes de ação (ou mesmo as comédias românticas) mostram que na aventura previsível da vida humana, o ator principal é sempre forte, alegre, vitorioso e rapidamente consegue ajuda quando mais precisa dela. Não existem decepções, frustrações, angústias, medos, ansiedades e nem momentos de crise existencial. Aliás quando tais sentimentos brotam no coração desse indivíduo caricaturizado, logo, em questão de rápidos minutos, como em um passe de mágica, surge brilhantemente um escape e um auxílio. Nesses filmes, aos olhos de todos os expectadores, o protagonista sempre termina bem.
Muitos cristãos, consciente ou inconscientemente, assimilaram essa caricatura hollywoodiana da pessoa e da vida humana. Acham que a vida com Jesus é simplesmente perfeita, matematicamente previsível, brilhantemente mágica e impressionantemente destituída de crises existenciais. Supõem que o cristão jamais enfrentará decepção, angústia, medo, frustração ou ansiedade. Pensam que as respostas de Deus para os seus desejos virão rapidamente, exatamente como querem, como acontece com o pedido que o personagem de uma história em quadrinhos faz ao Gênio da lâmpada mágica. Imaginam que todo cristão necessariamente terminará os seus dias ao lado de milhares de outras pessoas que, de repente, o aplaudirão pela grande performance e desprendimento. Um herói aos olhos do mundo…
Confesso que eu também acho a visão hollywoodiana da vida maravilhosa, atraente e desejável. Somente uma pedra não desejaria viver a vida roteirizadamente perfeita e esteticamente bela do cinema. Eu também gostaria que o cinema e as comédias românticas apresentassem o retrato real da nossa vida na terra! Seria tão maravilhoso caminhar em um mundo perfeito onde houvesse flores sem espinhos, amor sem decepções, beleza sem feiúra, alegria sem tristezas, pessoas sem vaidades, palavras sem mentiras, coragem sem medos, buscas sem ansiedades, discursos sem demagogias, verdade sem sombras, respostas sem demoras e desejos sem nãos.
Mas a vida no mundo e a caminhada com Cristo são tão diferentes. Mesmo estando em Cristo, não podemos negar a realidade do mundo e nem viver no escapismo, fingindo que as coisas à nossa volta não são reais. Não podemos fingir que está tudo bem quando não está nada bem e nem dizer que as rosas não têm espinhos. Depois da gloriosa experiência da transfiguração, Jesus se encontrou com uma multidão crítica, um pai desesperado e um menino endemoninhado. A reação de Jesus foi de dor e sofrimento pela realidade do mundo: “Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei?” (Marcos 9.19 – RA). Jesus não negou as dores e os sofrimentos do mundo. Ele as sentiu e as expressou.
Nós também não podemos fingir que as palavras duras não machucam, os espinhos não doem, as demoras não trazem ansiedade, as traições não deixam feridas, as ausências não deixam saudades e o silêncio constante não traz inquietação. Vivemos na experiência do paradoxo e na tensão das contradições da experiência humana. Temos tristezas, mas estamos sempre alegres; temos desânimo, mas vivemos encorajados; recebemos os nãos, mas como que ouvindo os sims; somos responsáveis, mas sabendo que Deus é Soberano; sentimo-nos fracos, mas reconhecemo-nos fortes; andamos por fé, mas vivemos na esperança; choramos, na expectativa de que um dia Deus nos enxugará toda lágrima; perdemos a vida nessa terra, almejando recebê-la nos Céus.
Deixo com vocês as palavras que um cristão escreveu no século II. “Os cristãos não se distinguem dos demais homens, nem pela terra, nem pela língua, nem pelos costumes. Nem, em parte alguma, habitam cidades peculiares, nem usam alguma língua distinta, nem vivem uma vida de natureza singular. Nem uma doutrina desta natureza deve a sua descoberta à invenção ou conjectura de homens de espírito irrequieto, nem defendem, como alguns, uma doutrina humana. Habitando cidades Gregas e Bárbaras, conforme coube em sorte a cada um, e seguindo os usos e costumes das regiões, no vestuário, no regime alimentar e no resto da vida, revelam unanimemente uma maravilhosa e paradoxal constituição no seu regime de vida político-social. Habitam pátrias próprias, mas como peregrinos. Participam de tudo, como cidadãos, e tudo sofrem como estrangeiros. Toda a terra estrangeira é para eles uma pátria e toda a pátria uma terra estrangeira. Casam como todos e geram filhos, mas não abandonam à violência os recém-nascidos. Servem-se da mesma mesa, mas não do mesmo leito. Encontram-se na carne, mas não vivem segundo a carne. Moram na terra e são regidos pelo céu. Obedecem às leis estabelecidas e superam as leis com as próprias vidas. Amam todos e por todos são perseguidos. Não são reconhecidos, mas são condenados à morte; são condenados à morte e ganham a vida. São pobres, mas enriquecem muita gente; de tudo carecem, mas em tudo abundam. São desonrados, e nas desonras são glorificados; injuriados, são também justificados. Insultados, bendizem; ultrajados, prestam as devidas honras. Fazendo o bem, são punidos como maus; fustigados, alegram-se, como se recebessem a vida. São hostilizados pelos Judeus como estrangeiros; são perseguidos pelos Gregos, e os que os odeiam não sabem dizer a causa do ódio. Numa palavra, o que a alma é no corpo, isso são os cristãos no mundo. A alma está em todos os membros do corpo e os cristãos em todas as cidades do mundo. A alma habita no corpo, não é, contudo, do corpo; também os cristãos, se habitam no mundo, não são do mundo.” (Carta a Diogneto).
Que o Senhor nos leve a viver a genuína vida cristã!

(Por: Pr. Gustavo Bessa). 

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O nevoeiro do coração partido de Max Lucado

O Nevoeiro do Coração Partido


O nevoeiro do coração partido
de Max Lucado


É um nevoeiro escuro que aprisiona furtivamente a alma e se recusa a ir embora. É uma neblina silenciosa que esconde o sol e chama as trevas. É uma nuvem pesada que não honra qualquer hora nem respeita quem quer que seja. Depressão, desânimo, desapontamento, dúvida… todos são companheiros desta presença temida.
O nevoeiro do coração partido desorienta a nossa vida. Ele torna difícil ver o caminho. Abaixe as suas luzes. Limpe o pára-brisa. Ande mais devagar. Faça o que quiser, nada ajuda. Quando este nevoeiro nos rodeia, nossa visão fica bloqueada e o amanhã está para sempre distante. Quando esta escuridão ondulada nos envolve, as palavras mais sinceras de ajuda e esperança não passam de frases vazias.
Se você já foi traído por um amigo, sabe o que estou dizendo. Se já foi abandonado por um cônjuge ou um pai, já viu esse nevoeiro. Se já colocou uma pá de terra sobre o caixão de um ente querido ou ficou vigiando junto ao leito de alguém que ama, você reconhece também esta nuvem.
Se já esteve neste nevoeiro, ou está nele agora, pode estar certo de uma coisa — não se encontra sozinho. Até o mais esperto dos capitães da marinha já perdeu o rumo ao aparecer essa nuvem indesejada. Como disse certo comediante: “Se os corações partidos fossem anúncios, todos apareceríamos na televisão.”
Faça um retrospecto dos últimos dois ou três meses. Quantos corações partidos encontrou? Quantos espíritos feridos teve ocasião de observar? Quantas histórias de tragédias chegou a ler?
Minha própria reflexão é cautelosa:
- A mulher que perdeu o marido e o filho num terrível acidente automobilístico.
- A atraente mãe de três crianças que foi abandonada pelo cônjuge.
- O garoto atropelado e morto por um caminhão de lixo, quando saía do ônibus da escola. A mãe, que o esperava, testemunhou a tragédia.
- Os pais que encontraram o filho adolescente morto na floresta atrás de sua casa. Ele se enforcara com o próprio cinto numa árvore.
A lista continua indefinidamente. Tragédias nebulosas. Como cegam nossa visão e destroem os nossos sonhos. Esqueça todas as grandes esperanças de alcançar o mundo. Esqueça todos os planos de mudar a sociedade. Esqueça todas as aspirações de mover montanhas. Esqueça tudo isso. S6 me ajude a atravessar a noite.
O sofrimento do coração partido.
Venha comigo assistir aquela que foi talvez a noite mais enevoada da história. A cena é muito simples, você vai reconhecê-la rapidamente. Um bosque de oliveiras retorcidas. O chão coberto de pedras grandes. Um muro baixo de pedras. Uma noite escura, muito escura.
Veja agora o quadro. Olhe atentamente através da folhagem sombria. Vê aquela pessoa?
Vê aquela figura solitária? O que ele está fazendo? Deitado no chão. O rosto manchado de terra e lágrimas. Os punhos batendo no solo. Os olhos arregalados com o estupor do medo. O cabelo emaranhado por causa do suor salgado. Será aquilo sangue em sua testa?
Esse é Jesus. Jesus no Jardim do Getsêmani.
Você talvez tenha visto o retrato clássico de Cristo no jardim. Ajoelhado junto a uma grande rocha. Um alvo manto. Mãos pacificamente unidas em oração. Um olhar sereno em seu rosto. Um halo sobre a sua cabeça. Um raio de luz do céu, iluminando seu cabelo castanho dourado.
Eu não sou artista, mas posso dizer-lhe algo. O homem que pintou esse quadro não usou o evangelho de Marcos como modelo. Veja o que Marcos escreveu sobre aquela noite penosa:
“Então, foram a um lugar chamado Getsêmani; ali chegados, disse Jesus a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou orar. E, levando consigo a Pedro, Tiago e João, começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia. E lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai.
E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse poupada aquela hora. E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres.
Voltando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, tu dormes? Não pudeste vigiar nem uma hora? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
Retirando-se de novo, orou repetindo as mesmas palavras. Voltando, achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos estavam pesados; e não sabiam o que lhe responder.
E veio pela terceira vez e disse-lhes: Ainda dormis e repousais! Basta! Chegou a hora; o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima.”[1]
Observe estas frases: “Começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia.” “Minha alma está profundamente triste.” “E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra.”
Este parece um quadro de um Jesus santo, repousando na palma de Deus? De modo algum. Marcos usou tinta preta para descrever esta cena. Vemos um Jesus agonizante, lutando e se esforçando. Vemos um “homem de dores”.[2] Vemos um homem enfrentando o medo, em luta com os compromissos e ansiando por alívio.
Vemos Jesus no nevoeiro de um coração partido.
O escritor de Hebreus iria dizer mais tarde, “Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte”.[3]
Que descrição! Jesus sofrendo. Jesus às portas do medo. Jesus não está revestido de santidade, mas de humanidade.
Da próxima vez que o nevoeiro o envolver, você faria bem em lembrar-se de Jesus no jardim. Da próxima vez em que pensar que ninguém compreende, releia o capítulo 14 de Marcos. Da próxima vez que a autopiedade o convencer de que ninguém se importa, vá visitar o Getsêmani. E da próxima vez em que ficar imaginando se Deus realmente percebe a dor que prevalece neste poeirento planeta, ouça-o suplicando entre as árvores retorcidas.
Este é o meu ponto. Ver Deus desse modo faz maravilhas em relação ao nosso próprio sofrimento. Deus jamais foi tão humano quanto nessa hora. Deus jamais esteve mais próximo de nós do que quando sofreu. A Encarnação jamais foi tão cumprida quanto no jardim.
Como resultado, o tempo passado no nevoeiro da dor poderia ser o maior dom de Deus. Poderia ser a hora em que finalmente vemos nosso Criador. E verdade que no sofrimento Deus se assemelha mais ao homem; talvez em nosso sofrimento possamos ver a Deus como nunca antes.
Da próxima vez em que você for chamado para sofrer, observe. Talvez esse seja o ponto mais próximo em que vai estar de Deus. Preste muita atenção. Pode muito bem ser que a mão que se estende para guiá-lo para fora do nevoeiro esteja traspassada.

(Extraído do blog da Ana e Gustavo).